Ahhhhh a infância! Dizem por aí que é a melhor fase da vida. Não cheguei à velhice, mas até agora, à altura dos meus 38 anos, devo concordar. Era bom demais! Não ter quase nenhum compromisso, nada de pressa, de horário e ainda melhor, contas a pagar! Kakakakaka!
E é na infância que nos formamos, que aprendemos quem seremos para todo um quase sempre. Já escrevi sobre esse tema aqui inúmeras vezes, mas hoje resolvi tocar nele de novo porque ao querer começar a Campanha do Pinguinho Solidário em seu 3º ano, fui visitar uma creche em Canabrava. Nem precisei voltar lá pra saber que seriam eles os garotos escolhidos esse ano. E o motivo, bem simples: a situação de risco que eles vivem aos 5 anos de idade. Nem saíram da primeira infância e enquanto estão na creche, ambiente em que eu os conheci, são tão somente crianças. Porém, ao sair dali, tem a sua infância usurpada. A infância some da vida desses meninos e meninas como passe de mágica e a vida fica bem dura. A vida que os cercam não é de todo compreendida, mas sim vivida e sentida por eles, que a encaram do seu jeito criança de ser. E fico me perguntando como e o que eles entendem da droga, do tráfico, da bandidagem, da prostituição, da falta de tudo, principalmente o que faz com que a barriga pare de doer. Ao sair da Casa da Criança Bezerra de Menezes, depois de ver as crianças todas rasparem um prato de arroz, feijão, fígado e salada de alface com tomate, fiquei pensando que talvez aquela fosse a única refeição que eles iam fazer naquele dia. E que tem um monte de criança cheia de tudo que faz birra pra comer, que escolhe o que quer comer, filhos e filhas de pais sem nenhum tipo de autoridade.
Pensei também que o carinho e os cuidados recebidos ali pela professora e por Virgínia, que é quem administra a casa, poderiam ser os únicos que eles têm na vida. Ai que dor.
Virgínia começou a creche-escola ao perceber que as crianças da comunidade de Canabrava, entre 7 e 12 anos de idade não sabiam ler e escrever. Em 2001, sem dinheiro pra nada, Virgínia conseguiu ajuda de uma moradora da comunidade que cedeu a sala de sua casa e ela então começou a convidar alguns amigos e a pedir alimentos por todo canto onde passava. Uma professora foi contratada e iniciaram o projeto com 25 crianças, só pela manhã. As crianças recebiam sopa três vezes por semana. Em 2002, com muito esforço, Virgínia conseguiu comprar uma casinha. Já eram 40 crianças.
Atualmente, são 50! Uma parte estuda no turno matutino tomam café, e almoçam. As crianças do turno vespertino almoçam e lancham, retornando às suas casas alimentadas, principalmente de muito amor.
Essas 50 crianças que passam um turno na Casa da Criança Bezerra de Menezes, não tem nenhuma ajuda governamental. As contas da Embasa, Coelba, e outros impostos são pagos pelos amigos da casa. Mais ainda existem muitas outras demandas como o próprio salário da professora, da assistente de sala, cozinheira, fardamento, mochilas e alimentos perecíveis. Devido as chuvas a parte baixa da casa vem sofrendo muito, molhando e dificultando o trabalho diário em sala de aula.
Quando fui visitar a casa me apaixonei, fui pra saber do que eles precisavam efetivamente. Porque às vezes a gente pensa que está ajudando e de nada contribuímos se não sabemos com o que ajudar. A casa além de sofrer muito com as chuvas, precisa também de material de construção para terminar a obra da parte superior. Quando estive lá estava mal acabada e com um cheiro absurdo de mofo, porque molha e precisa ficar constantemente fechada para que não molhe mais. O chão tá no reboco as paredes ainda precisam ser levantadas. Fora pintura… Eles precisam de mais espaço para atender essas 50 crianças melhorar esse projeto lindo de amor. Sendo assim, vim aqui mais um ano pedir ajuda pra vocês leitores, através do Blog Pinguinho de Tinta e suas redes sociais, que já conta com um número grande de visualizações mensais – quase 8 mil – e aqui podemos ter uma adesão bem grande de pessoas de bom coração.
Para arrecadar dinheiro vivo, pensei em montar um evento grande, um espaço tipo a Paddock Eventos, onde essas 50 crianças pudessem passar o dia todo sendo atendidas por médicos oftalmos (que eles precisam MUITO!!!), terem um almoço e poderem passar um dia brincando, participando de oficinas, vendo atrações culturais, teatro, música, dança! Juntando vários artistas, poderíamos cobrar um ingresso para a compra do material de construção e pintura que falta e também para pagar a mão de obra de quem irá realizar a obra. Logicamente que eu iria, como todos os anos faço, recolher as doações, definir pontos de coletas, divulgar tudo nas minhas redes sociais e arrecadar, roupas, brinquedos, alimentos, fraldas e tudo mais que meus leitores quiserem e poderem doar! E isso será feito a partir de AGORA! Podem me ligar e vou buscar, ok¿ 9919 4203.
Pensei num dia especial e até já falei com algumas pessoas que toparam ajudar. O Ateliê Gastronômico, meu parceiro do Club Pinguinho, topou fazer uma oficina de cup cake. O grupo musical sensacional Canela Fina já reservou a data do dia 17 de Outubro para tocar para nós. Porém galera, o caminho é longo… Preciso de um espaço. Preciso de mais gente doando seus dotes artísticos e meu grande sonho seria ter Saulo Fernandes num formato meio Pop-up tocando para os meninos da creche. Outro convidado que encheria meu coração de alegria e emoção seria a Orquestra Neojibá tocando também. Pra quem não conhece, a Neojibá é um projeto do Governo do Estado e é toda formada por crianças e adolescentes de comunidades carentes e que um dia já estiveram numa situação de risco e que graças à música conhecem um mundo muito mais legal e lindo. Agora com um futuro pela frente. Eles me deixariam felizes de tocar no evento simbólico de doação da Campanha Pinguinho Solidário Ano 3.
Queria também o Stripulia contando histórias e divertindo as crianças todas, da creche e as que por ventura fossem ao evento com seus pais fazerem a sua doação. Queria também, Adelmo Casé tocando “Let it Go” como eu o vi tocar na praça Ana Lúcia Magalhães uma vez! E porque não Magaly Lord “inventando moda”? E porque não o PlayGrude? E porque não o Teca Teatro também? Amo as histórias deles! Queria Barraquinhas de comidinhas vendendo seus produtos para as pessoas que forem prestigiar as crianças da Casa Bezerra de Menezes, queria a EUZARIA vendendo suas peças e a cada peça vendida uma criança da Casa ganhando uma (tem que vender no mínimo 50, heim rapazes???). Queria Tio Paulinho circulando com seu mini trio e sua turma pelo espaço todo do evento! Queria uma oficina de musicalização para as crianças da Casa. Queria Um restaurante para servir almoço para as crianças poderem passar o dia todo brincando. Queria alguém que tivesse todo tipo de brinquedos – escorregas, camas elásticas, pupa pulas – para emprestar e deixar o dia todo montado para que as crianças brincassem.
Será que tou sonhando alto demais? Será que concretizar esse sonho seria muito difícil? Sei lá. Eu até acho que não. Porque sei que se você que está lendo esse texto agora, resolver ajudar com qualquer coisa, além de compartilhá-lo para sua rede de amigos de bom coração, nós juntos sim, conseguimos realizar tudo isso que eu disse e muito mais!
Por enquanto, vou seguir como o beija flor que apaga o incêndio da floresta. Vou compartilhar esse texto com todos os meus amigos de bom coração e começar a recolher a sua doação. E esperar pra ver no que vai dar.
Faço diariamente uma tentativa simples de prolongar a infância da minha filha Mariza e acho esse um dos meus maiores acertos enquanto mãe. Não faço com que ela viva num conto de fadas, sem saber qual é a realidade que a cerca. Ela já bem sabe que existem outras crianças que precisam dela e que são bem menos criança do que ela. E ainda assim, ela é feliz!
Convido você agora, pai, mãe que lê o Pinguinho de Tinta sempre, que mora na cidade de Salvador e adjacências para junto comigo concretizar a solidariedade para o seu filho! Chame-o para uma conversa séria. Explica que o mundo é desigual e que tem muita gente miúda precisando brincar com aquele brinquedo dele que ele nunca mais mexeu. Melhor do isso, vá com ele no dia 17 de outubro entregar pessoalmente esse brinquedo e apresentá-lo para a criança que a partir de agora irá brincar com o brinquedo dele. Vou te dizer, por experiência própria, que será muito, mas muito bom, para o seu coração e para o coração do seu filho. Parece bobo, mas essa pequena ação que te convido a realizar é um passo gigantesco para um mundo mais justo, mais limpo, mais igual, mais bonito, mais rico de toda infância. Porque estamos tentando aqui formar pessoas mais humanas.
Está oficialmente iniciada a Campanha do Pinguinho Solidário Ano 3. Vem também.
Beijo, Turucas.
Há dois anos, no Infância In Cena – evento realizado pelo curso de psicologia da UFBA -, assisti esse filme. Chama-se “Crianças Invisíveis”. Trata-se de um conjunto de sete curtas-metragens, encomendadas pela UNICEF e dirigidas por cineastas de prestígio internacional, que narram histórias únicas sobre as condições de vida das crianças na região do mundo de que são originários. Nunca me saiu da cabeça. Quando estive na Casa da Criança Bezerra de Menezes, este filme passou todinho na minha cabeça. Uma pena que só encontrei ele dublado e segue abaixo. Se puder, assista. A infância roubada está em todos os lugares do mundo e aprender a ser cidadão é dar o primeiro passo no sentido de ajudar o próximo que pelo menos tenha nascido na mesma nação que você.
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Vamos nessa, pinguinho de humanismo, espalhar solidariedade!!!